No remoto ou híbrido, a realidade se impõe
Toda semana, temos uma edição com conteúdos escritos e curados por Sylvestre Mergulhão, Karine Silveira e Rafael Miranda sobre Inovação, Liderança, Transformação Digital e Business Agility. Nessa semana, confira este artigo do nosso CEO Sylvestre Mergulhão.
Esses dias, assisti uma live sobre o Futuro do Trabalho com Domenico de Masi, professor italiano e autor do livro “O Ócio Criativo”. Ele é uma verdadeira sumidade no tema.
Ele começou a falar sobre os impactos da pandemia no trabalho e abordou a questão do trabalho remoto – aliás, ele escreveu um livro sobre trabalho remoto em 1993. Havia uma expectativa de crescimento desse modelo desde a época, mas foi acontecendo a passos lentos. No começo de 2020, 570 mil italianos trabalhavam remotamente. Mas em março de 2020, com um decreto do governo italiano devido à pandemia, da noite para o dia, os trabalhadores remotos italianos passaram a ser mais de 7 milhões.
O crescimento da adesão do trabalho remoto seguia num aumento de 28 mil pessoas ao ano no país. Se a proporção não tivesse sido bruscamente acelerada pela pandemia, seriam necessários 210 anos para chegar ao mesmo patamar que a Covid-19 trouxe em poucos dias.
A verdade é que a realidade se impõe. A sobrevivência força os seres e as organizações a se readaptarem ou a serem atropelados pelas circunstâncias. Forçados pela situação, ainda vejo muita gente e muita empresa tentando se virar para fazer o remoto funcionar. Porque, não adianta: trabalho remoto requer um mindset, planejamento, ferramentas. A gente viveu isso na pele aqui na Impulso ao longo de anos, erramos, acertamos… E por isso, quando a pandemia chegou, nos deu um susto, mas, na prática, nos impactou pouco.
Agora, a moda tem sido tocar no assunto do “trabalho híbrido”. Muita gente que pegou o “bonde andando” do remoto está achando que o trabalho híbrido é a bala de prata para resolver o estrago que a implementação do trabalho remoto às pressas causou. Já vou adiantando: não é.
Algumas news atrás, o Rafael Miranda tocou no tema aqui por aqui. Não vá pensando que a solução para os problemas de um trabalho remoto feito de forma atabalhoada é migrar para um modelo híbrido.
Fazer o híbrido funcionar é muito mais desafiador do que fazer o remoto funcionar. Quer um modelo híbrido que funcione? Vai precisar primeiro de um modelo remoto funcionando muito bem. Senão, mais uma vez, a realidade vai se impor. E vai ter gente dizendo que “trabalho remoto produtivo é utopia”, “quem quer crescer precisa voltar ao modelo presencial” e coisas semelhantes. Como se o problema fosse o trabalho remoto, e não a falta de organização.
Em meio às discussões híbrido X remoto, muita gente está se perdendo do que realmente importa: planejamento, cadência, considerar as possibilidades e se preparar de verdade para elas. É isso que vai fazer funcionar.
O Futuro do Trabalho, com Domenico de Masi e Thiago Veras — www.youtube.com
Nessa live, Domenico de Masi comenta sua visão sobre o futuro do trabalho, abordando questões atuais, como o efeito da pandemia nas relações de trabalho, trabalho remoto e muito mais.
The Worst of Both Worlds: Zooming From the Office – The New York Times — www.nytimes.com
Esse artigo do New York Times questiona a viabilidade do modelo híbrido, mostrando os desafios enfrentados por quem tenta manter um trabalho que engloba o presencial e o remoto ao mesmo tempo.
O futuro do trabalho pós-COVID-19 | McKinsey — www.mckinsey.com
A pandemia acelerou tendências existentes em termos de trabalho remoto, e-commerce e automação, com um aumento de até 25% no número de trabalhadores que podem ser obrigados a mudar de ocupação em relação a estimativas anteriores.
“A melhor maneira de predizer o futuro é inventá-lo.”
Alan Kay