Lya Luft e os desafios das agendas que nos aprisionam
Toda semana, temos uma edição com conteúdos escritos e curados por Sylvestre Mergulhão, Karine Silveira e Rafael Miranda sobre Inovação, Liderança, Transformação Digital e Business Agility. Nessa semana, confira este artigo da nossa COO Karine (Kari) Silveira.
No dia 30 de dezembro, perdemos a Lya Luft, aos 83 anos. Apesar de ser uma das escritoras mais queridas dos leitores brasileiros, eu nunca havia lido nada dela além de pequenas frases e recortes.
Decidi começar o ano lendo um dos seus livros. Escolhi usar a minha técnica de capa e/ou títulos impactantes. Em poucas horas, li Pensar é transgredir, publicado em 2011, mas completamente conectado com os dias de hoje. É um daqueles livros apaixonantes que nos ajudam a estabelecer conexões com as coisas do dia a dia, assim como os desafios e as dores das nossas reflexões, que nos fazem sentir vontade de contar as histórias das nossas vidas com erros e acertos, mas sem culpas.
Cada capítulo aborda um tema diferente, e o segundo, “Agendar a vida”, me impactou profundamente porque nós, em posição de gestão, vivemos o desafio cotidiano de sobreviver às nossas agendas.
“Agenda pode ser tormento e prisão. Mas pode ser liberdade, se a gente inventar brechas: em plena tarde da semana, caminhar na calçada; sentar ao sol na varanda do apartamento; deitar na grama do parque ou jardim, por menor que ele seja, e como criança olhar as nuvens, interpretando suas formas: camelo, coelho, árvore ou anjo.”
Lya Luft, no livro “Pensar é transgredir”
O que mais escuto, conversando com lideranças de outras empresas, é que o trabalho remoto é exaustivo porque passamos o dia inteiro em calls (geralmente os nossos dias têm mais de 8 horas). Então, vou compartilhar com você algumas dicas que me ajudam bastante a organizar a agenda, mas conto logo: eu tenho meus dias de caos, pânico e desordem.
- Se não está na minha agenda, é porque a reunião não existe.
- Toda sexta, dou uma olhada na agenda da semana seguinte e atualizo, inclusive, com compromissos pessoais: aulas de pintura, terapia, almoço com amigos, estudar para certificações, atividade física, bloqueios para deep work, etc. Oriento todos os meus times a fazerem o mesmo.
- Sempre olhamos as agendas dos nossos colegas para sabermos se podemos ou não marcar alguma reunião. Se tem espaço livre, marcamos e acreditamos que o outro está mantendo tudo atualizado.☺️
- Avaliamos, com cuidado, quem precisa participar. Eu sei. Eu sei. Gostamos de pessoas e queremos sempre todo mundo junto, mas, o custo de um time inteiro em uma reunião é imenso, na maioria das vezes, desnecessário.
- Se for só para comunicar ou alinhar algo, geralmente escrevo um textão no Slack, ou gravo um áudio e/ou vídeo. Menos uma reunião na agenda.
- Transforme o que for extraordinário em ordinário: por aqui, todas as reuniões para analisarmos OKRs e indicadores já estão na agenda até o final do ano, as revisões de orçamento também, bem como, os meus encontros com meu CEO.
- Não podemos esquecer de nunca, mas nunca mesmo, de não agendar reuniões umas coladas nas outras. Merecemos e precisamos de 15 a 30 min de intervalo para nos preparar, responder uma ou duas mensagens, pegar um café e/ou fazer um carinho no gato. ⬛
- E se você conseguir, limite sua agenda a no máximo 3 horas de reunião por dia.
Livro “Pensar é transgredir”, de Lya Luft — www.amazon.com.br
Pensar é transgredir vai da preocupação com o social à inquietação pelo mistério da vida. Mas nele Lya Luft também deixa entrever um pouco do cotidiano em sua casa, revela passagens de sua infância e mostra seu lado bem-humorado, seguidamente comentado por quem a conhece pessoalmente.
Livro “Hábitos atômicos”, de James Clear — www.amazon.com.br
Neste livro, James Clear, um dos mais expoentes especialistas na criação de hábitos, revela as estratégicas práticas que o ensinarão, exatamente, como criar bons hábitos, abandonar os maus e fazer pequenas mudanças de comportamento que levam a resultados impressionantes.
David Grady: Como salvar o mundo (ou pelo menos a si mesmo) de reuniões ruins | TED Talk — www.ted.com
Esse TED de 2013 permanece muito atual. Uma epidemia de reuniões ruins, ineficientes e cheias demais está trazendo uma praga às empresas do mundo — e tornando os trabalhadores infelizes. David Grandy tem algumas ideias de como impedir isso.
“Que nossas agendas (também as interiores) nos permitam muitas vezes a plenitude do nada sorvido como um gole de champanha, celebrando tudo. Sem culpa.”
Lya Luft, no livro “Pensar é transgredir”